A minha Paulista tinha casarões e jardins.
A minha Paulista tinha um Trianon sem grades.
A minha Paulista não tinha ciclovias, mas eu andava de bicicleta sem medo.
A minha Paulista era só uma avenida que atravessava para ir ao colégio.
Envelheci sem plásticas, mas a minha Paulista não. Foi sendo "plastificada". Sumiram os casarões e os jardins e em seus lugares cresceram grades e alarmes adubados pelo tal do poderio econômico do qual a Paulista virou um triste ícone. Grades reais e simbólicas de separação, de distanciamento. O "E" sumiu, o "Ou" impera. Eu ou você.
Hoje a Paulista é o palco do "Ou" ! O palco onde se combate uma guerra entre dois exércitos de " Walking deads" ! Mortos porque não pensam. Mortos porque movidos pelo ódio que os faz defenderem suas frágeis posições que não resistiriam ao mais leve raio de pensamento. Ocupadíssimos em um cabo de guerra. O mais esperto fica com o butim da guerra. E por algum tempo vão se alimentar de despojos, rindo como hienas. Até que sobrevenha nova guerra, porque nada mudou. Mudança só com muito esforço, humildade e coragem para enfrentarmos o mal maior que iguala exércitos: a COBIÇA, a ganância, o "Ou".
Sou bem velha, mas ainda não perdi a esperança no "Nós" !