É no ventre de nossas inseguranças que gestamos os mitos. Bem alimentados teriam a missão de nos salvar de nossas incompletudes, medos, fragilidades, incompentências. Tudo o que faz parte desse pobre ser humano, que além de pobre é inconformado com sua condição. Criamos mitos diversos, com funções bem definidas, mas algo devem ter em comum: todos devem remeter a uma marca de reconhecido valor. Reconhecido por outros criadores de mitos! A bolsa, o carro, o bairro, o intelectual, a universidade, a religião... Seu valor é avaliado pelo desejo dos outros. Nos angustiamos até fazer parte desse "grupo seleto" , mas, desavisados, damos à luz os cavaleiros do apocalípse. Os mitos nascem fortes, poderosos, alimentados pelo medo do qual deveriam nos salvar e, sem nos darmos conta, estamos mais fracos e dependentes. O orto dos mitos nos aprisiona em seu campo magnético. Pequeno grão de areia gravitando em sua órbita. Para os que tiverem coragem de abrir mão da arrogância dos mitômanos existe a possibilidade da humildade dos que reconhecem seus defeitos, e pelo caminho da iconoclastia, chegam à liberdade.