O que nenhum gato nunca me contou é se a cada uma é um começar do zero. Se for, sorte dele porque para ele será sempre o tempo do agora.
Comigo a coisa é bem diferente: o agora é um tempinho espremido entre o era e o será e isso dá um trabalho danado. Além disso essas múltiplas vidas tem uma autonomia irritante, fazem de mim mera personagem.
Resta ainda um grande desafio: essas vidas concomitantes e autônomas que se apresentam e se escondem a seu bel prazer, misturando tempos e espaços, me impedem de escrever um livro de memórias . Memórias organizadas, lógicas, arrumadas. Cronologia? O que é isso?
Só me resta a esperança de, como Brás Cubas, escrever minhas memórias póstumas....
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