quarta-feira, 8 de julho de 2015

Encontros

Foi pela janela do ônibus que me levava para o terceiro tempo do dia, que a vi pela primeira vez. Foi por um átimo. A velocidade do ônibus não permitiu mais do que isso. Olhar baixo, passos presos no chão. Num relance vi seu rosto que me pareceu levemente familiar.
Tanto o que fazer, tantas tarefas, tantos desafios. Ao fim de cada dia a satisfação de ter vencido e além disso um grande cansaço. Esqueci-me daquele breve encontro. 
Depois de um bom tempo, novamente por uma janela, revejo-a. Ela era a mesma. O mesmo olhar baixo, os mesmos passos presos no chão. Eu não. Não era mais um ônibus que me levava, era um carro que me trazia. As tarefas tinham diminuido e o tempo não estava mais tão comprometido. Dessa vez nossos olhares se cruzaram e novamente a mesma sensação de familiaridade.
Fica um leve incômodo. Aquele rosto familiar, mas de onde? Passo a procurá-la toda vez que saio. Sigo pessoas que me olham desconfiadas. Nada. Desisto da procura.
Mais algum tempo e um novo encontro. Não estava de passagem em calçadas anônimas, passeava com os mesmos olhos baixos, os mesmos passos presos no chão, no quintal de minha casa. Agora sei de onde a conheço.

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