domingo, 8 de novembro de 2015

Iconoclasta

Em nossa cultura tupiniquim, para ser considerada uma pessoa culta é fundamental que tenhamos lido Euclides da Cunha, James Joyce, que adoremos Clarice Lispector, que veneremos Bach e por aí vai. Caso me falte algum dos requisitos acima ou que ouse tecer alguma crítica serei considerada menos esclarecida, invejosa e que com essa mente pequena jamais alcançarei tais grandezas. Será que me salvo se tiver lido a Divina Comédia em italiano? Só que gostei mais do livro do Inferno. Acho que é porque lá é o lugar dos invejosos.
Para completar minha condenação vou estender a lista. Elis Regina, Cazuza, Renato Russo, Freud...
O problema para mim é que ídolos tendem à universalidade e a eternidade, certamente muito mais por culpa de seus cultuadores do que por eles mesmos. Todos tiveram seus bons e seus maus momentos, suas genialidades e suas mediocridades. Mesmo essas genialidades dependem do tempo e do espaço em que manifestaram, mas para os idólatras qualquer gesto deles é majestático. Nas mídias divulga-se que Freud gostava de cachorros. O morador de rua que dorme embaixo da marquise também. Será que o cachorro gostava de Freud? Aí sim ele subiria no meu conceito.
Acho que só me resta voltar para a Divina Comédia....


Nenhum comentário:

Postar um comentário