- Ó de casa!
- Quem vem lá?
Se a porta está aberta supomos que somos bem vindos ao mundo de quem está do outro lado.
A bem da verdade não é bem uma porta, é mais uma passagem entre o mundo de fora e o de dentro, em qualquer sentido que se queira tomar fora e dentro. Ao atravessarmos esse umbral encontraremos água fresca de moringa de barro, chão de vermelhão tão encerado que até brilha, cortinas branquinhas e transparentes, samambaias que se alimentam de carinho e de cuidado, doce de mamão verde e de cidra, relógio que marca um tempo que não tem medida, não é hoje nem ontem, é sempre.
Janelas tem uma vantagem sobre as portas: não ficam ao rés do chão. Estão mais distantes do real e mais perto do sonho. Delas também só gosto das abertas e quanto mais amplas melhor. Sonhos precisam de espaço para bater as asas. Se cortinas houver que sejam branquinhas e transparentes, só para modular a luz. Do lado de lá das janelas nunca se sabe o que se vai encontrar. Para sonhar é necessário abrir mão das expectativas, lançar-se no vazio e permitir que o que estiver do outro lado acione nosso reservatório de sonhos. Outras janelas onde se vislumbre sombras, um abajur aceso, uma mesa posta ( para quantas pessoas? ), um tapete puído, ou cortinas tão pesadas que quase são paredes. O que vejo é o que é ou é o que sonho?
Para mim o que sonho é o que é.
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