sábado, 27 de junho de 2015

Gratidão

Em algum momento Lispector disse: escrevo para não enlouquecer.
Por que escrevemos, pintamos, esculpimos? Para encontrarmos respostas a questões pessoais e incômodas. A arte não é asséptica. Obra e artista ( ou obreiro?) dialogam sempre. 
Escrevo por uma questão genética. Tive avôs anarquistas e feministas. Sem saber, até porque suas breves vidas não lhes deu tempo para ver, foram as portas por onde escapei de uma castração que me aguardava escondida atrás de cada "manual para moças". Fugi de uma herança indesejada.
Um avô artista, outro artesão. Um sente as dores da alma e convive com elas. Outro usa as dores do corpo e as transforma em poder. Ambos em mim. Escrevo para transformar a dor em voz.
Obrigada a ambos e a outros que depois deles não me estenderam tapetes mas acreditaram em meus pés e em meus olhos.

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