sábado, 27 de junho de 2015

Miudezas

Ah! vento, por que? Estava tão quieta, tão letárgica! Quase como um boi. Se tivesse cauda, estaria abanando para espantar qualquer eventual mosca ou só porque sempre fora assim a natureza dos bois. Só não atingira ainda o estado total de boi porque os olhos teimavam em procurar o horizonte, essa linha de encontro de azuis que me fascina. O do céu, quase denso, sem nuvens que lhe desse leveza. Pote de tinta derramado. O do mar, quase verde, quase cinza. E eu presa nessa linha limite. Gente querendo um momento de bicho, mas condenada ao estado de gente pelo simples fato de querer.
Aí vem você , vento, e rola aquele restinho de cigarro manchado de batom vermelho. Rola, rola e o deposita bem perto de meus pés.
Pronto. O que você queria ? Já vi.
Jogada de novo, sem, piedade,  na doída humanidade. Um soprinho me tira do infinito e o ínfimo, de repente, é muito maior, porque na guimba tem batom, no batom uma boca, na boca uma mulher, nela um coração e nele ....

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