Ah! vento, por que? Estava tão quieta, tão letárgica! Quase como um boi. Se tivesse cauda, estaria abanando para espantar qualquer eventual mosca ou só porque sempre fora assim a natureza dos bois. Só não atingira ainda o estado total de boi porque os olhos teimavam em procurar o horizonte, essa linha de encontro de azuis que me fascina. O do céu, quase denso, sem nuvens que lhe desse leveza. Pote de tinta derramado. O do mar, quase verde, quase cinza. E eu presa nessa linha limite. Gente querendo um momento de bicho, mas condenada ao estado de gente pelo simples fato de querer.
Aí vem você , vento, e rola aquele restinho de cigarro manchado de batom vermelho. Rola, rola e o deposita bem perto de meus pés.
Pronto. O que você queria ? Já vi.
Jogada de novo, sem, piedade, na doída humanidade. Um soprinho me tira do infinito e o ínfimo, de repente, é muito maior, porque na guimba tem batom, no batom uma boca, na boca uma mulher, nela um coração e nele ....
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